Reunião Depois da Abertura

REUNIÃO BECO DA ARTE - 13/05/09

Assuntos:
- noves_fora - andamento, erros e acertos...
- prestação de contas- a pagar, a receber - quem assume.
- fala do jaime como integrante
- noves_fora : festa junina, beco free style, 4º edição grupo
de estudo e grupo de acompanhamento
- atuação de cada partivipante: divisão de frentes de trabalho
- manutenção do espaço: organização, contas, limpeza etc.desenhomóveis
- quem assume o que: a postura, as promesssas, as obrigações


- encontro 18:30 Noves_Fora ,,, artistas+curador

. O mais importante na conversa com os artistas e curador era se aprofundar nas pesquisas de cada trabalho, onde poderia rolar um mediador que perguntasse e questionasse. Para enrriquecer o encontro seria importante cada um contar sua experiencia de forma menos intimista e ainda mais expressivo, e sempre concluir uma
ata de como pode seguir a conversa.


- erros e acertos Noves_Fora

. A parte grafica, do cartaz , do folder e do catálogo foi um grande acerto
. O catalogo pode e deve continuar a abertura para os artistas de diagramar suas folhas no catalogo
. O convite do Marcelo, do Sergio, do Jaime e Denise
. Um maior erro foi a falta de palta nas reuniões e não criar ou conguir fazer um cronograma
. Reuniões apenas entre artistas e curador, quem divulga, quem produz e quem organiza só cuida de seu trabalho, quem é artista é artista
. Falta de assistencia de montagem para os artistas
. um bom acerto, foi as parcerias e utilizar bem dos circuidos de divulgação


- por que as pessoas veem no beco?

. tem que saber onde nós nos potencionalizamos e pontuar essas coisas para sempre mudarmos e acertamos
. elas gostam de festa, e ainda mais de criticar e parabenizar


- prestação de contas Noves_Fora ... sergio, denise e mapa

. sergio: papel, tinta, solvente, fotolito, impressão, cartucho, plasticos de catalogo = 250, 50
. denise: tinta e solvente = 80,00
. mapa das artes = 250,00
. total = 580,00

Trabalhos dos Artistas

Denise A.
intervalo
intalação
sala 3








Amilton Santos
sem titulo - mortárlia
instalação
sala 4



























Apresentação

possibilidade de estar à margem


Beco da Arte é um coletivo de jovens artistas que tem organizado exposições de arte em discretos domicílios da Vila Mariana para tentar permear o(s) circuito(s) paulistano(s) e mostrar que sempre há diversas possibilidades de encontro com esse conjunto de idéias arbitrariamente nomeado como Arte Contemporânea. Assim, habitando a fértil margem da legitimação, é possível fazer brotar propostas e ações nas rachaduras-frestas deixadas pelo debate entre diferentes interesses e perspectivas.

a exemplo dos encontros ligados à última mostra, 3º Espaço Expositivo [CONTEMPORÃO], nos quais participaram Flavia Samarone, Guilherme Teixeira e Mariana Trevas, um ciclo de conversas acontece em NOVES_FORA, tendo como convidados protagonistas de ações em algum modo alternativas nesse(s) circuito(s) - Atelier397, Adriana Xiclet, EIA e Grupo Empresa - para fazer compreender mais a fundo os limites das propostas do próprio Beco da Arte.

em suma, permanece remitente o questionamento sobre qual o significado e as possibilidades de estar ou não à margem e, junto a isso, o receio de se abandonar o fazer artístico para tentar dar conta dessas questões.



processo coletivo : pensamento criativo

novamente surge a oportunidade de escrever o texto para um exposição do "Beco" - como no 2º Espaço Expositivo - e, bem mais do que isso, dessa vez o convite se estende também a curadoria. Entretanto, logo surge um importante questionamento: como fugir aos modelos já sabidos e ser de fato condizente com este novo contexto envolvendo um grupo de artistas trabalhando dentro de um pequeno porão-atelier()

enfim, a resposta talvez esteja por completo naquilo que certa vez nos disse Efraim, maior apoiador do Beco da Arte e proprietário da insuspeita residência que abriga o porão: "o jovem não sofre muito com as mudanças, pelo contrario, ele precisa delas". Pois bem, foi sob essa égide que surgiu junto aos artistas desse coletivo - todos jovens estudantes - a premissa de que a proposta deveria ser o mais aberta possível, o que se confirmou logo na primeira reunião. Amilton Santos, Gustavo Ferro e Nei Franclin acordaram junto aos convidados, Denise A., Jaime Lauriano, Marcelo Gandhi, Luciana Ohira & Sergio Bonilha e Thiago Hattnher, que a linha curatorial de NOVES_FORA seria necessariamente colaborativa e sem em construção.

esse "modus operandi" pretende potencializar o surgimento de conexões entre os participantes e embebedar-se da força da força de um encontro que abrace tanto convergências quanto dissonâcias, permitindo novas formas de pensar a equação "curador+obra+educador=exposição". Isso não significa a criação de uma nova matriz, pelo contrário, envolve o uso de operações largamente empregadas - ainda que pervertidas - para mostrar que a (des)ordem dos fatores pode alterar o produto. Constituído pela justaposição de iniciativas e responsabilidades, um coletivo funciona com uma incubadora voltada à experimentação, que tem na possibilidade do erro e liberdade de tomar novos caminhos.

não interessa aqui discutir a importância de NOVES_FORA no cenário da jovem produção artística brasileira; mais importante é a movimentação que dela possa surgir. Assim, para que seja tirada a "prova dos nove" será necessário entender se as propostas ligadas a essa exposição estarão para além do espaço delimitado do porão, espreitando a criação de novos meios de circulação de arte contemporânea.



embate coletivo e liberdade projetual

tendo um pensamento estrutural, arqueológico e humano, todos projetos expostos misturam a atenção pela memória. Coube a cada um dos artistas conhecer esta casa na Vila Mariana e tentar um diálogo "subterrâneo" com sua história. A partir disso foi acontecendo uma intersecção entre os trabalhos, eles não parecem respeitar os limites de espaço um dos outros, por isso NOVES_FORA se enriquece, tentando fazer com que cada projeto pudesse fortalecer sua proposta pela interligação com o outro.

todos os projetos contrapõem o ineditismo e foram penados a partir de dele. Começando a falar de "presença de Efraim" de Ohira&Bonilha, que pelo título pode-se estender ainda mais sua leitura, pois ter o nome do dono do domicílio, que anda pelo assoalho de madeira do teto das duas primeiras salas do porão, culmina na vontade de elevar as estruturas sonoras da casa, a partir dos grunhidos escutados quando se esta no porão. Preparando ainda mais outras preocupações, Denise A. constrói "Intervalo", um rádio cortado ao meio e suas partes instaladas na passagem de uma sala a outra que substitui o sinal elétrico pelo som escutado com um sistema de L.A.S.E.R. vermelho. Ao entrar no porão não fica fácil perceber de onde sai o áudio da radio sintonizada sendo tocada, até que estamos andando e o som para, um rápido intervalo silencioso acontece, acabamos de encontrar o trabalho de Denise A. que toca constantemente a rádio que Efraim mais gosta de escutar.

ocupando uma grande parte do espaço, Gustavo Ferro mexe com as estruturas geométricas da segunda sala do porão, trazendo os móveis de sua casa e também alguns encontrados nas ruas da cidade. Como nas mostras anteriores do coletivo o registro do tempo continua muito evidente nas obras de ferro, que nesta nova proposta cria um relação ao mesmo tempo estranha e cômoda entre o corpo e o espaço que o acolhe. Por outro lado, ocupando todo o porão Marcelo Gandhi recria estruturas em verdadeiras extensões do espaço enquanto desenho ao pensar a linha na circularidade móvel do preto. Repossibilitando os campos de Van Gogh, Marcelo tenta equalizar diversas formas de desenho a partir de dezenas de balões pretos jogados no porão.

partindo da despedida da imagem como discussão de seu valor na arte contemporânea Jaime Lauriano propõe um projeto disciplinar do vídeo sem imagem, aquele que é possível na leitura de uma sinopse de um filme que só existe na imaginação, criado pela abertura à outros integrantes da NOVES_FORA que se interessaram em praticar um filme inexistente. Na mesma sala encontra-se "Andar Subterrâneo" de Nei Franclin, um documentário que acredita nas histórias contadas pelo Efrain, sobre o porão e sobre a entrada do Beco da Arte em sua vida. Franclin recobra sua atenção ao processo de reconstrução de um novo ambiente, sem perder a vista para as histórias do passado.

para distorcer as funções da imagem no espaço subsolo, Amilton Santos e Thiago Hattnher transitam no interesse pela identidade registrada, enquanto Santos abre bocas para estudar com ênfase suas fisionomias estéticas, Hattnher descobre o tempo como modulador para contorcer o corpo humano presente e falho. Nas duas últimas salas a sensação é de adentrar algo obscuro, os trabalhos de Santos e Hattnher se intercalam com grande fluência subjetiva, causando maior necessidade de desmembramento no espaço.

além dos trabalhos de cada artista na NOVES_FORA, a maior extensão possível ao público é a produção do catálogo, onde os expositores tiveram a oportunidade de criar, formatar e diagramar sua própria página. Todos trouxeram suas propostas para o catálogo como tentativa da dissolução do próprio projeto, ao em vez de explicar em suas obras e dar-lhes valores estéticos. Assim, a vontade acontece pela necessidade do fazer circular as informações aqui dispostas. Dessa maneira o catálogo torna-se um livro de artistas.

Leonardo Araújo